Nasci em 1986 na cidade de Lages-SC.

Nos meus primeiros 10 anos de vida, a poética e estética do frio predominavam. A arte e cultura do povo do sul já se conectava com minhas primeiras percepções de expressão através das benzeduras de ervas, a chula, desafios de trova, o fogo de chão e ritmos musicais: a milonga, vanera, chamamé e o violão do meu tio Juarez faziam a mistura junto ao entrevero serrano, mas, também com influências vindas de longe como Clara Nunes, Raul Seixas entre outros artistas que vinham nas fitas cassetes lá em casa e na TV Chico Anysio e Os Trapalhões como referência de atuação.

Em 1996 me mudo para o litoral catarinense, meu mundo se amplia e começo a aprender a ver o mar. Em 1998 dava aulas de reforço para colegas da escola e cuidava de crianças no bairro Imaruí a serviço de uma grande mestra a Irmã Valci, neste relacionamento, começo a ter concretude na visão das disparidades sociais que habitam nosso mundo. Em 2002, fiz meu primeiro curso de teatro com Valentim Schmoeler, em seguida entrei para o AECA, grupo de teatro amador dirigido por Valentim. Foram 5 anos de profunda prática do fazer teatral: Atuação, direção, sonoplastia, Iluminação, cenografia, figurino, contrarregragem, divulgação; se fazia de tudo. Nestes anos, disseminava os aprendizados de teatro que tinha no centro da cidade para crianças da periferia.
Estes anos foram importantíssimos na minha maneira de ver a arte e o teatro e a relação deste com a cidade. Com o AECA participei da inauguração do teatro Municipal de Itajaí com o espetáculo “O Noviço” (Martins Pena), montei também “O Santo e a Porca” e “O auto da compadecida” (Ariano Suassuna), “O pagador de promessas” (Dias Gomes), “O filhote de Elefante” (Bertolt Brecht), “O amor é uma flor roxa!” (diversos autores), “Se quéx, quéx, se não quéx dix!” (Valentim Schmoeler) entre outros espetáculos.

Ainda em 2006, apresentei o espetáculo “Uhuu a história é nossa!” (adaptação de A história é uma história de Millôr Fernandes), com o Grupo Experimental de Montagens Artísticas. Montei também “A Valsa n°6” (Nelson Rodrigues) e “Amor por Anexins” (Artur Azevedo). Neste momento, também me aproximei do yoga e comecei a usar outras técnicas de percepção do corpo, energia, emoções, mente e espírito.

A partir de 2007, comecei a entrar em contato com outras linguagens teatrais, e o treinamento de ator muito difundido no Brasil por Luis Otavio Burnier e o grupo LUME. Neste momento iniciei a troca com outros grupos de teatro e a preparação para a vida profissional de fato. Grupos como cia Experimentus, cia carona, cia Andante entre outros se tornaram referências e amigos até hoje. Também seguia levando arte para bairros distantes do centro.

A palhaçaria entrou em minha vida em 2008, através do mestre Pepe Nunes. Fundei com uma amiga o LEGUME palhaços e no ano seguinte apresentamos o espetáculo “Faca de dois (le)gumes” com este grupo também montei “CriNU e CastiTE”, e realizei muitas intervenções de rua, muitas mesmo! Importante ressaltar que a palhaçaria (assim como o teatro e o yoga outrora) provocou o início de uma profunda mudança da minha maneira de interagir com o mundo, tornando-se uma filosofia de vida, amalgamada com outras influências.

Em 2010, iniciei carreira solo, mas, dentro de um ambiente maravilhoso que era o da primeira edição do Ospália coletivo de pesquisa em palhaçaria, primeira formação contínua com vários mestres da linguagem, no Brasil, que deu origem a uma revista temática um cineclube e um encontro de Palhaçaria que até hoje já teve 4 edições. Neste mesmo ano montei meu primeiro número solo “AERÓSTATO”, com o primeiro palhaço que criei: Pimentão, a quem sou muito grato.

No outono de 2012, nasce Pacacoenco, palhaço que criei contando com o apoio e generosidade do mestre Marcio Libar. Na primavera, comecei uma pedalada de 1500 km pelo interior do estado de Santa Catarina, levando Pacacoenco para cidades pequenas e vilarejos do sertão e litoral catarinense, em cima da bicicleta nomeada Jaguaruna. Essas, experiências foram um rito de passagem pra minha fase adulta e profissionalmente me abriram muitas percepções com relação ao público e à arte .

Em 2013, após um profundo mergulho artístico com Marcio Libar em seu apartamento no Rio de Janeiro, eu estreio o espetáculo “Estapafúrdio”. No ano de 2014, criei o espetáculo de bolso “Mergulho no copo d’água” este trabalho feito a partir das minhas experiências cênicas na rua.
A partir do encontro com Rodrigo Robleño inicio em 2015 o processo Palhastê, ainda neste ano apresentei o espetáculo de bolso O guru, como primeiro pretexto para colocar o palhaço guru em relação com o público.
Fundei junto com amigas palhaças o Trio Arroz de Festa em 2016 e comecei neste ano a brincar no Arreda boi, tradicional grupo de boi-de-mamão da Barra da lagoa. No ano de 2017, entrei para o Grupo (A)gentes do Riso, fazendo palhaçaria em hospital. Seguia dando aula de teatro para centenas de crianças em vulnerabilidade social, também estreei na atuação para audiovisual no “Sarau na câmera” e no clipe “Cidade dos Containers” e iniciei uma pesquisa sobre masculinidades que me leva a experimentar no ano seguinte em Itajaí (2018) a esquete: “Fortaleza”. No mesmo ano de 2018, vem pra vida “Palhastê- o palhaço que existe em mim saúda o palhaço que existe em você!”.

Em 2019, apresentei em Lares de permanência para idosos o espetáculo “Ô de casa”, com o Trio Arroz de Festa. Apresentei em bares o espetáculo “Agoniza mas não morre”, com a Cia Balacochê. E produzi, roterizei e protagonizei o seriado de circulação fechada “Transformação Cultural”.
Em 2020, durante a pandemia de covid-19, apresentei a experiência cênica on-line “Saudade que Chama” com a Cia Balacochê. A experiência virtual seguiu pelo ano seguinte até que em 2022 estreio o espetáculo “Só eu e nós” e uma circulação do mesmo pelo interior do estado de Santa Catarina.